"Dei armas aos gregos contra as Amazonas: falta-me agora, Pentessiléia, dá-las a vocês e a seus esquadrões. Vá para o combate com armas iguais; que a vitória pertença àqueles que conquistarem a benfeitora Afrodite e a criança Eros que, com seu vôo, percorre todo o Universo. Não é justo que vocês enfrentem, sem defesa, inimigos armados: para vocês também, homens, será vergonhoso vencer nestas condições".
Ovídio, em "A arte de Amar" (43 a.C)
Sou um apaixonado pelas mulheres e uma espécie de conselheiro amoroso dos meus amigos homens. Mas, embora tenha sempre sido natural para mim discorrer sobre a "arte de amar para homens", as mulheres de minha vida, minhas irmãs, primas, amigas, e as doces companheiras que passaram pelo meu caminho, vez ou outra me perguntavam direta ou indiretamente (vocês são mestras nessa arte) como conquistar UM HOMEM DE VERDADE. Sim, um homem que mereça esse nome.
Sempre foi transparente para mim que vocês soubessem, naturalmente, conquistar e seduzir, já que o amor, o desejo, o romance e o sexo têm sido temas tratados de uma forma ou de outra, desde infância. Veja suas brincadeiras de bonecas, as princesas e seus príncipes encantadodos contos de fadas, ou depois, no colégio, os papos de adolescentes cochichados no banheiro, (que nós, homens,sempre quisemos escutar...),ou na educação amorosa das páginas das revistas para adolescentes e mulheres, nos livros e filmes de romance...
Mas, ainda assim, vocês continuavam a se perguntar por que o "príncipe virava um chato", porque os melhores homens eram tão escassos, e por que alguns homens, tão românticos no primeiro encontro, depois desapareciam sem deixar rastro... Depois de tantos anos, e conversas e cochichos, a arte de amar para muheres ainda parece um mistério, um enigma de Sherazade a ser resolvido.
Então, resolvi, como o poeta Ovídio, garantir a vocês direitos iguais nesta arte, e compartilhar o que sei e o que meus amigos me disseram sobre a arte de amar para mulheres. Alguns me dirão que estou louco, que estou "entregando o ouro ao inimigo", mas confesso ser, desde sempre, um "agente duplo" nesta "guerra"...
E, ademais, não penso ser a arte de amar uma guerra dos sexos, embora isso pareça ser assim, muitas vezes, e possamos nos servir da luta para seduzir e amar... a arte de amar, para mim,se parece mais com uma gostosa brincadeira... e é para brincarmos de forma mais divertida e livre, com menos dor e mais prazeres, que quero compartilhar minha arte e diversão com vocês, e quero que façam o mesmo...
Quero falar um pouco da sedutora Sherazade, que inspirou este blog. Penso que Sherazade ensina muito a nós, homens e mulheres pos-modernos, sobre a arte de amar. Conta-nos a famosa obra da literatura persa "As mil e uma noites" que...
Schahriar, rei da Persa, vitimado pela infidelidade de sua mulher, mandou matá-la e resolveu passar cada noite com uma esposa diferente, que mandava degolar na manhã seguinte. Recebendo como mulher a Sherazade, esta iniciou um conto que despertou o interesse do rei em ouvir-lhe a continuação na noite seguinte. Sherazade, por artificiosa ligação dos seus contos, conseguiu encantar o monarca por mil e uma noites e foi poupada da morte.
A história conta que, durante três anos, moças eram sacrificadas pelo rei, até que já não havia mais virgens no reino, e o vizir não sabia mais o que fazer para atender o desejo do rei. Foi quando uma de suas filhas, Sherazade, pediu-lhe que a levasse como noiva do rei, pois sabia um estratagema para escapar ao triste fim que a esperava.
A princesa, após ser possuída pelo rei, começa a contar a extraordinária "História do Mercador e do Efreet", mas, antes que a manhã rompesse, ela parava seu relato, deixando um clima de suspense, só dando continuidade à narrativa na manhã seguinte. Assim, Sherazade conseguiu sobreviver, graças à sua palavra sábia e à curiosidade do rei. Ao fim desse tempo, ela já havia tido três filhos e, na milésima primeira noite, pede ao rei que a poupe, por amor às crianças. O rei finalmente responde que lhe perdoaria, sobretudo pela dignidade de Sherazade.
Fica então a metáfora traduzida por Sherazade: a liberdade se conquista com o exercício da criatividade.
http://pt.wikipedia.org/wiki/As_Mil_e_uma_Noites
Acho que não preciso dizer mais nada... nós homens, eu, inclusive, nos comportamos tantas vezes como o vizir... quantas vezes nos apaixonamos perdidamente por uma mulher, vivemos com ela um romance, mas logo o fogo da paixão cedia aos ciúmes e inseguranças dela, e, sem querer, logo não a desejávamos mais e partia para outro romance... quantos corações despedaçamos assim, agindo como o cruel e sádico vizir da história.
Confesso que sempre ansio por uma Sherazade em cada mulher que encontro... Como queria encontrar uma que me contasse mil e uma histórias, que me fizesse viver com ela tantas diferentes aventuras em que fôssemos diversos personagens, mas, "de repente, não mais que de repente", as histórias escasseiam e vemos nossa Sherazade desaparecer numa menina insegura e cotidiana que nos sufoca, e nos perguntamos se existe uma Sherazade, de fato, ou se devemos desistir da fantasia.
O fato é que, se escrevo estas linhas, é para afirmar que a sedução precisa de uma Sherazade, e qualquer mulher comum pode se tornar, em sua alma,uma. Somente a Sherazade pôde conquistar o torturado e ciumento rei, ferido em seu ideal de mulher pela traição feminina.
Como evitar o mesmo destino de todas as outras esposas do vizir, de ser decapitada após a maravilhosa noite de núpcias? Essa decapitação geralmente significa que seu amante ideal não liga no dia seguinte, e desaparece, ou logo depois de um tempo de tórrido romance você vê a paíxão desaparecer e se, ainda insiste, ver seu rei se aconchegar, barrigudo, de frente à TV com a cerveja e o controle remoto para assistir à final do Campeonato Brasileiro...
Por isso, a resposta a esse enigma deve ser construída entre um HOMEM e uma MULHER, juntos, que estejam trilhando o caminho da auto-realização, dançando a extasiante dança de Shakti e Shiva, deuses da mitologia hindus, ela, a Deusa-Mulher, Ele o Deus-Homem.
O "mil e um" é o símbolo do infinito. De uma aventura sem fim, incansável. Deixar de seduzir é deixar de contar histórias, e isso vale tanto para homens como para mulheres. Penso, portanto, que a mesma atitude devemos ter também nós, homens, para conquistar sempre nossa bela, mas isso é um outro mundo e outra história. Aqui quero percorrer mil e uma histórias e meios de que Sherazade poupe si mesma e seus filhos do mesmo fim que as outras mulheres, menos hábeis na arte de amar. E que o vizir, por sua vez,se humanize e se entregue ao amor.
Sei que existe uma Sherazade em cada uma de vocês, e um vizir em cada homem, e é para ser seu biógrafo em suas Mil e Uma noites que estou aqui. Vamos escrever essa história juntos? Quero ouvir vocês.
Até a próxima!
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