
Viajar sozinho era um bicho de sete cabeças para mim. Iria passar o aniversário só, mas me consolei com a idéia de que a família me estaria esperando no aeroporto do Galeão no sábado seguinte. Ainda no avião, uma brasileira linda falou, no banco da frente "Que diabos essa gente está indo fazer em Ushuaia?".
Eu ri e respondi que provavelmente o mesmo que ela: esquiar, fazer snowboard e conhecer os lugares mais belos e gelados do mundo na Patagônia... dali, nos tornamos velhos amigos, ela e a amiga que nem recordo mais o nome. Marcamos no dia seguinte, dia do meu aniversário, para fazermos uma excursão juntos, e passei a primeira noite em Ushuaia, el Tierra del Fuego, conhecendo a galera animada do hostel.
O dia do meu aniversário foi um dos dias mais divertidos e belos que passei nos últimos tempos. Ao invés de nostalgia e solidão, estava com duas chicas brasileñas, que trataram de me dar muito carinho e afagos, e brindar comigo meu aniversário num restaurante que tinha vista para um mar de neve, nos deliciando com o vinho patagônico e os assados de cerdos e corderos. Passamos o dia andando de moto na neve, ou de trenó de ruskies siberianos.
A paisagem em preto e branco parece um cenário lunar, um outro mundo para quem nunca vira tanta neve e gelo. Muito frio! A parte mais desafiante foi aprender a esquiar e a fazer snowboard, dois esportes de inverno que pretendo praticar a vida inteira. Conheci muitas brasileiras e latinas no Cierro Castor (meu Deus, brasileiro é pior que coelho, se reproduz pra todo lado), esquiamos juntos e elas quase presenciaram eu me despencar do alto do Cerro Castor. Isso me rendeu um joelho ferrado e 30 sessões de fisioterapia, que ainda estou fazendo, enquanto ando por aí mancando.
E para encerrar a viagem, na noite de véspera, uma sexta, saí com os amigos argentinos do hostel para uma boliche, na verdade um bar, onde bebemos cerveja até quase cair e eu estava "on fire", abordando as gatas mais quentes do lugar. O alvo era uma loira estonteante de 1,90m (adoro mulheres violão, meu Deus!), que estava completamente na minha, até que um amiguinho gay dela serviu como obstáculo, mas eu estava tão alphanice que só ria e fui direto em outra loira gata que estava ao redor.
Olhei para ela, sentindo que ela estava na minha, que "ela queria me dar", e começamos a conversar como velhos amigos. Estávamos cada vez mais próximos, o olhar era ardente e eu a tocava bastante, como sempre faço em minhas interações carismáticas. A uma certa altura, perto do beijo, ela disse que tinha um ex-namorado por perto e não daria para rolar nada". Eu redargui "muito bem, a gente sai daqui", e a puxei com confiança até fora do bar, a neve caindo sobre nossas cabeças, e nos demoramos em um delicioso beijo.
De lá, a conduzi até um outro bar perto, já eram quase três, e fomos andando no meio de "la nieve", eu a protegendo do frio. O clima no ar era de tórrido romance, caliente e "exquisito". Dançamos um tempo, harmonizamos os corpos e a vibe, e depois nos quedamos longamente num divã, donos da festa. Esquecemos o mundo, e quando abrimos os olhos depois de tantos beijos e afagos os garçons nos miravam, implorando com os olhos que os deixássemos dormir.
A levei com naturalidade até meu albergue, me aproveitando da feliz coincidência de que o único colega de quarto, um novo amigo, voltara para a Noruega. Aquela noite seria toda nossa. A minha última noite en El fin del Mundo foi uma noite de amor intenso, e depois de nos banquetearmos um com o outro até o amanhecer, ela se despediu de mim, que embarquei feliz numa viagem de 8 horas de volta ao Brasil.
Depois da longa viagem cercado de pessoas com máscaras contra a gripe e toda aquela paranóia de uma pandemia, cheguei são e salvo ao Rio, recebido pelos braços carinhosos de minha linda sobrinha, minha irmã, meu paizão e a sua namorada, que naquela noite celebraria seu noivado com o coroa. Aproveitamos para festejar o noivado e meu aniversário, mas eu não conseguia esquecer nem a Patagônia e seus encantos, nem minha doce amante del fin del mundo, que conhecera em plena Tierra del Fogo.
Um comentário:
Porra, Giacomo! Tá pensando o que? Já tava na hora de voltar a postar nessa "merda", né??? rs
Muito bom voltar a ler seus posts, ainda mais com relato de lo suelo del tango! Isso ai dá um livro!
E outras noites de aventuras carismáticas com certeza virão!
Grando abraço, brother!
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