
Cultivar o prazer dos sentidos sempre foi minha principal preocupação; nunca encontrei outra coisa mais importante. Sinto-me nascido para o belo sexo, sempre o amei e por ele me faço amar tanto quanto posso. Aprecio também os bons manjares com transporte, e sempre me apaixonaram todos os objetos capazes de me despertar curiosidade. Tenho amigos que me fazem bem, e alegria de poder, em todas as ocasiões, dar-lhe provas de meu reconhecimento. Tenho também detestáveis inimigos que me perseguem, e que não extermino porque está acima de minhas forças consegui-lo. Aprecio as iguarias finas: a massa de macarrão preparada por um bom cozinheiro napolitano, a olha-podrida dos espanhóis, o bacalhau da Terra Nova bem pegajoso, a caça de sabor bem pronunciado, e os queijos cuja perfeição se manifesta quando os pequenos seres que neles se formam começam a tornar-se visíveis. Quanto às mulheres, sempre achei suave o odor das que amei.
No que me diz respeito, como gosto de me reconhecer sempre a causa do bem ou do mal que me atinge, vi-me sempre com prazer em situação de ser meu próprio discípulo, e no dever de amar meu preceptor.